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Stalinismo x Revolução: O Curso que Desmascarou a Burocracia Contra-revolucionária

Os produtos da linha “Trótski Oposição de Esquerda” foram lançados pela Loja do PCO no mesmo período do curso da Universidade Marxista, “O que foi o Stalinismo: Uma Análise Marxista, parte 2”. No curso, é mencionada a iniciativa de Trótski para lutar contra a dominação stalinista, que obteve muito apoio de diversos setores da sociedade. A imagem da arte da Linha, Trótski trajado com roupas de combate e com um rifle pendurado nas costas, procura passar a ideia que o curso feito na Universidade Marxista passa também: a da luta contra o stalinismo e a burocracia. 

 

Qualquer camarada que adquirir algum produto dessa Linha poderá se sentir bem paramentado para enfrentar a contrarrevolução e os reacionários. O kit “Trótski Oposição de Esquerda” é uma homenagem aos combatentes trotskistas, que enfrentaram a burocracia stalinista, aparelhada naquele momento para conter a revolução operária. 

 

Segue, abaixo, um pouco da história da Oposição de Esquerda:

 

No XII Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Lênin havia acabado de morrer e Trótski já era visto como uma das principais lideranças do país. Esse fato ficava claro pelo apoio evidente que ele demonstrava ter, além da grande quantidade de aplausos que recebeu, ao discursar no evento.

 

Naquele momento, havia se formado a troika - com Stalin, Kamenev e Zinoviev, cujo principal propósito era articular para impedir que Trótski fosse o sucessor direto de Lenin, algo que seria natural, visto que era o elemento mais avançado do partido depois do próprio Lênin. Além de ser considerado um líder excepcional, dado o seu desempenho vitorioso na duríssima guerra civil que havia acabado de ocorrer. 

 

Para alcançar os objetivos, foi preciso um intenso trabalho de calúnia e difamação por parte da troika. Isso foi facilitado devido ao fato de que eles, particularmente Stálin, tinham apoio da burocracia do estado soviético. Os burocratas eram uma casta parasitária, que viviam de usufruir do trabalho da classe operária, sem ter que realizar nenhum trabalho produtivo para manter sua posição privilegiada. Com a ascensão de Stálin e sua camarilha ao poder, os burocratas adquiriram representação dentro do Partido e reforçaram sua presença no Estado.

 

A campanha de calúnias consistia, em grande medida, em procurar explorar as divergências que Trótski teve com Lênin ao longo de sua vida, de forma distorcida e oportunista. Além disso, também articularam a remoção de todos os apoiadores de Trótski dos cargos importantes do partido e do Estado. 

 

A reação do Trótski foi começar uma campanha por mais democracia dentro do partido e a formação da Oposição de Esquerda, em janeiro de 1924, denunciando o aparelhamento do estado e do partido feito por Stálin. Nesse momento, Trótski se apoiava nos setores mais avançados da cidade e do Exército Vermelho, enquanto os stalinistas encontravam respaldo nos setores mais atrasados da sociedade. 

 

Uma questão que dificultou um desenvolvimento revolucionário e progressista da URSS foi a derrota da revolução alemã, no ano de 1923. Naquele momento, Trótski foi chamado a participar da luta na Alemanha, o que foi recusado pelo Comitê Central do PCUS e levou a uma dificuldade do Partido a orientar seus camaradas alemães. A Alemanha era, naquele momento, um dos países com a maior propensão a passar por uma revolução e instaurar outro Estado Operário na Europa. A derrota da sua classe operária significou uma situação de isolamento total da URSS. 

 

O isolamento do estado operário soviético na Europa e no mundo, além do aparelhamento promovido pelos stalinistas e outros fatores, levaram a um período contrarrevolucionário, que favoreceu a burocracia e Stálin, consolidando seu domínio sobre o aparato estatal.

 

A luta política se manifestava em vários terrenos, e a total inaptidão dos stalinistas para resolver os problemas que se apresentavam era patente. Um caso, que ocorreu em diversos países, era o de tentativas de insurreição armada aventureiras. O exemplo maior é o da própria Alemanha. Em 1924, com a economia mundial já se estabilizando após a guerra, o PCUS planejou uma tentativa de tomada do poder na Alemanha, que fracassou e levou a uma repressão brutal do movimento operário.

 

Na economia doméstica russa, também se manifestava a luta. Enquanto a Oposição de Esquerda defendia uma industrialização maior do país, para desenvolver sua economia e aumentar a classe operária, os stalinistas apostavam em uma política de enriquecimento dos camponeses, com a justificativa da teoria de “Socialismo em um só país”, o que acabou por gerar um setor capitalista mais endinheirado no campo.

 

Em janeiro de 1925, devido a uma gigantesca pressão e perseguição da burocracia sobre ele, Trótski é obrigado a renunciar ao seu cargo de Comissário do Povo para Assuntos do Exército e da Marinha, enquanto sua expulsão do partido era proposta por Zinoviev e Kamenev. 

 

O aparelhamento completo do partido e do estado e a burocratização focada em Stalin levou a troika a rachar, e Zinoviev e Kamenev formaram a Oposição Unificada, junto com o grupo de Trótski. Zinoviev afirmou, durante a década de 1920, que apoiar a subida ao poder de Stálin foi um dos seus dois grandes erros da vida, e do qual se arrependia profundamente. O primeiro havia sido não apoiar a tomada do poder em 1917 (que foi corrigido por Lênin à época, portanto foi menos grave).

 

A Oposição Unificada fez uma dura polêmica com os stalinistas com relação à Revolução Chinesa. A burocracia defendeu que não era o momento de fazer uma revolução operária na China, portanto era preciso apoiar o Kuomintang (partido nacionalista burguês) em frente única com a burguesia para fazer uma revolução nacionalista. Trótski pontuou que isso era repetição da teoria da “revolução por etapas”, que já havia sido defendida pelos mencheviques durante a revolução russa. Consistia, basicamente, em abrir mão da luta da classe operária para apoiar a tomada do poder pela burguesia, sob a justificativa de que era preciso fazer as reformas capitalistas antes de partir para o estado operário.

 

Em resposta a isso, Trótski escreveu sua obra chamada “A Revolução Permanente”, em que explica que a burguesia não é mais uma classe revolucionária, e apenas a classe operária pode levar adiante as reformas necessárias para desenvolver os países atrasados. Também foi nessa obra que Trótski desbancou a nefasta teoria do “Socialismo em um só país”, mostrando a necessidade da revolução internacionalista. 

 

A Oposição denunciou os repetidos erros da política da burocracia, que, ao se apoiar nos setores atrasados do país, permitiu o crescimento de uma classe capitalista que fez oposição à direita dentro do país, também criticou os erros e capitulações cometidos por Stálin nas mais diversas situações revolucionárias ao redor do mundo (China, Inglaterra, etc.). Isso levou Stálin a aumentar a perseguição contra a Oposição Unificada, que culminou na expulsão de Trótski e Zinoviev do partido, em novembro de 1927. 

 

A política da burocracia tornou ainda inviável que houvesse qualquer outra oposição dentro do PCUS, o que levou Kamenev e Zinoviev, que antes eram da Oposição Unificada, a capitularem e se alinharem ao stalinismo, deixando Trótski isolado. O último discurso de Leon Trótski em território soviético foi no funeral de seu amigo Adolf Joffe, em novembro de 1927. 

 

Em 1929, Trótski é expulso da URSS e vai para a Turquia com sua mulher, Natália, e seu filho mais velho, Lev. Posteriormente, Trótski ainda viveu na França e na Noruega, até ser assassinado pelo mercenário stalinista, Ramon Mercader no México, em 20 de agosto de 1940. 




 






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